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Mako e Ariadne


Absinto V

MAL LANÇARA-SE à sua cama Ariadne em seu aposento decorado com leveza, falhara a energia elétrica.
2 Ela às escuras ficara; e o calor começara a incomodar-lhe.
3 Depois disto, ouvira grandes estalos, vindos de fora, como dum grandimenso vidro a trincar, por contato com um fogo.
4 Assaltada pela curiosidade, correra para a janela e vê:
5 a noite anda avermelhada, como se o vidro que recobre o céu estivesse incandescente, como quando um vidreiro trabalha.
6 Apenas que nem toda a extensão do céu se iluminara; apenas manchas vermelhas isoladas em meio à imensidão do profundo azul.
7 E Mako observara o mesmo, milhares de quilômetros dali: também lá se fizera noite, como em toda a terra.
8 Ela conhecia um rochedo, próximo de onde morava com os pais, e os seus lhe instavam a com eles se abrigar dos dias de ira.
9 Pois aquele era o dia, o ano e o mês, em que todas aquelas coisas haveriam de mister.
10 E para lá foram, para o seu alto refúgio que o pai, com não pouca dedicação, preparara-lhes desde o ano passado.
11 E Mako, com os seus, habitava numa zona rural, a cerca de uma hora de carro da cidade mais próxima.
12 Ariadne, porém, residia sozinha em Santos, no litoral, e não lhe havia ideia alguma do que acontecia.
13 Quando o chão foi sacudido com força e com violência, o mesmo se liquefez;
14 e então os prédios da vizinhança começaram, uns a tombar para algum lado, e outros simplesmente afundavam.
15 Vendo que a vista da janela parecia descer, percebeu a garota que aquele edifício descia rumo ao coração da terra;
16 pelo que, instintivamente, correu para a porta de entrada e, tomando da chave, saiu.
17 E havia um alarido e uma confusão de mentes; um alvoroço, pois, se fizera em meio aos moradores.
18 Ela, porém, ignorando o caos, tomou o rumo das escadas e subiu ao terraço; chegando, porém, ao tampo de madeira, estava este trancado.
19 Ela, todavia, não se desviou do intento: tomou de um ferro que encontrara pelo caminho, e com ele arrebentou o cadeado;
20 e subiu no telhado, o lugar das muitas antenas e das caixas d'água.
21 E então viu o céu a desabar por sobre a terra, e os pedaços da abóbada a cair sobre os prédios da vizinhança, sobre a cidades e sobre os lugares em redor;
22 No terraço, contudo, caíram alguns pedaços, porém ela não fora atingida.
23 Depois que o tremor cessou, o prédio parou de ser engolido; e muitos dos das cercanias estavam inclinados, como a torre de Pisa, na Itália.
24 E nas ruas reinava o caos; o pior, porém, ainda estava por vir.

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