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A Origem dos Porcos


ABSINTO VIII

EM CERTA Cidade havia um costume, e um rito fora estabelecido desde o tempo ancestral;
2 o qual fazia-se em certos dias e horas, obedecendo a um complexo e intrincado calendário astrológico.
3 Os numerosos pontos de luz do céu lhes guiavam nos ritos, e a colheita dos frutos da terra seguia sua orientação.
4 E eles se prostravam diante do sol, da lua e de todo o exército do céu, e lhes ofereciam libações, e faziam-lhes bolos de frutas.
5 Houve uma cidade na qual faziam cousas bárbaras, das quais até o nominá-las é torpe.
6 Houve uma cidade na qual corriam soltos o folguedo e o bacanal.
7 Houve uma cidade, entregue aos bacanais, nos quais até os seus concidadãos com as bestas do campo se deitavam;
8 e em prosseguir, e em muito se entregar às paixões infames, de entre eles surgiam quimeras.
9 Destes folguedos foi a origem, segundo se diz, e o nascedouro das criaturas da noite.
10 Serpentes sábias da terra, e homens répteis de inigualável destreza e força.
11 Centauros e minotauros juntamente pastavam com os vitelos dos da semente da mulher.
12 Sereias e tritões, dos quais um tal Dagom fora trazido à Filístia;
13 ogros e faunos, silfos e os seres da floresta escura; morcegos e lobisomens, como também os duendes e os demônios encarnados;
14 gigantes e ciclopes, titãs e heróis das guerras; sátiros e bacantes, sendo aqueles, meio humano e com os pés de bode;
15 e, por fim, alguns dos que até hoje subsistem, como os que derivaram dos ajuntamentos dos filhos dos homens com o javali selvagem.
16 Estes, os que alguns dentre nós conhecem pela alcunha de porcos.
17 Sabemos, não sem razão, da rejeição da parte dos do povo recolhido de entre os povos, de tê-los como alimento;
18 rejeitando-o como tal por força de lei, e por mandamento de seus ancestrais.
19 Notamo-los incomuns, comparados às demais espécies que nos servem de comida.
20 Bois e cabritos, e o veado campeiro: estes possuem pêlos, os quais protegem-nos do frio; sendo estes ruminantes, têm seu casco fendido em dois.
21 Galináceos cobertos de penas, e os peixes cobertos de escamas e com barbatanas.
22 Não é, pois, de se admirar que os porcos se pareçam com humanos, ou, mais detidamente, que alguns dentre estes muito se assemelhem a aqueles.
23 Rejeitai-os, portanto, como alimento, para que certas pragas se lhes não peguem em vós,
24 por que razão, pois, sofreríeis dano durável e voluntário em favor de uma satisfação efêmera, que logo passa?

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